Mulher africana na aldeia Camela Amões |
Mulher Casada:
No coração da nossa aldeia, erguia-se uma mulher,
Seu rosto, um monumento à estética que nela poderia ver.
Sob o parto do dia, para os campos ela ia,
Na companhia de abóboras, batatas-doces, em melodia.
Nenhuma inércia aqui; a herança da guerra desmentida,
Pois do adocicado abraço do sono, toda alma era desprendida.
Suportava o gélido beijo do orvalho, na floresta caminhava,
Entre o ecoar das aves, e o receio que nas árvores residia.
Suas mãos, desgastadas e suaves, agitavam a terra fértil,
Em prece e canto, afirmava o seu lume infértil.
Hadanga, Viñiviñi, o mito de voz rouca,
Decretavam ao portal celeste, a bruxa e o cão, jamais a boca.
Quando o sol reivindicava o zénite, para casa ela se voltava,
Rápida como uma besta fugindo do seu perseguidor, se apressava.
Banhou-se na frescura do poço, do campo se limpava,
E então envolvia-se no perfume de Bailundo, que comprava.
Rendia-se ao toque de Bem-vinda, um rito de cuidado,
Depois à loja do Lau, ou ao campo dos futebolistas consagrado.
Casada era ela, seu marido no seio de Luanda,
Em busca da riqueza, num saco transbordante de Kwanzas, como uma banda.
Seu trajeto serpenteava a aldeia, a admiração sua capa,
A inveja dos homens, o louvor das mulheres, a fama que desenlaça.
Com orgulho, desfilava, seus cabelos um espetáculo, o sorriso luzente,
No entardecer lilás da sua pele, ela era o deleite permanente.
Por Sousa Jamba (Jornalista )
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