Este álbum é o álbum mais importante do RAP independente, existem álbuns dopes, existem álbuns ousados, existem álbuns criativos, e tantos outros títulos, e existem álbuns importantes, este do MCK cai nesta categoria.
Esse álbum foi como uma semente que caiu em solo arável, o solo arável eram as nossas cabeças sedentas de ouvirem a realidade que a mídia convencional omitia, o MCK fez a bíblia do RAP revolucionário, lançou os pergaminhos que se ramificaram e ecoaram por anos e anos.
Músicas como Técnica, Causa e Consequência, são indubitavelmente patrimónios nacionais, são os grandes hinos de revolta da nossa era, são músicas que carregam um sentimento tão forte, mas tão forte, por nos lembrarem do jovem magrinho do bairro Chabá a rimar a verdade, correndo sérios riscos de vida, mas que nunca arredou o pé da sua luta.
As doenças da vaidade continuam aqui até hoje, e mais intensas do que ontem, os tópicos para o arquivo parece ter sido escrito ontem, o musseque multiplicou os seus guerrilheiros, e hoje ao invés de uma bancada para vender, lhes deu facas afiadas para sobreviverem, as palancas continuam a se desvalorizar quando pensávamos já ser impossível descer mais, as ameaças globais de ontem são factos hoje, esse álbum tem a classe e o Nastradamismo tão rigoroso, que podia sair hoje, e ainda seria um álbum actual.
Acredito que a morte do Cheroke por ter cantado este álbum de forma Ipiranguitica ao lado da Guarda Presidencial, deve ter mudado muito a perspectiva daquele jovem do Chabá, calculo que deva impactar profundamente a sua vida, contudo ele prosseguiu a sua caminhada, dessa vez mais ciente da dimensão da sua música.
MCK estava muito a frente do seu tempo, nota-se uma composição cuidada e com termos académicos, mas também muitos termos para o povo comum, o MCK foi meu colega no IMEL, nossa diferença de classes era de 1 ano a mais a favor dele, por termos feito o mesmo curso, os professores dele no ano seguinte eram os meus, tivemos um professor de Finanças Públicas que havia se formado na Polónia, que usava termos da língua em questão, e um deles era muito usado, o famoso "Pichichineque" há um freestyle do MCK neste álbum em que ele usa a palavra em questão, foi muito engraçado ver esse transporte do jargão do professor para a música.
MCK abriu o caminho para muitos artistas, costumava organizar uma coletânea chamada, "Quem não trabalha não come" pôs muitos artistas no mapa e organizou centenas de shows em prol do famoso Circuito Fechado, por isso merece que lhe entreguemos as suas flores enquanto eles as pode cheirar.
Muito obrigado por este grande álbum e por ter aberto o caminho para que eu e muitos outros pudessem trilhar.
Redação/Bernardo Fortunato (Hostil)
Edição/Chakuisa Muachinguenji
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