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quinta-feira, 13 de junho de 2024

Câmera da STV roubada aos olhos de um aparato policial


MOÇAMBIQUE 

Fonte : STV

Mais de uma semana depois do roubo, a câmara do Grupo Soico já foi devolvida. O equipamento chegou pelas mãos do Serviço Nacional de Investigação Criminal, contendo todo o material que tinha sido filmado no dia 04 de Junho corrente. 

As imagens mostram como a Polícia obrigou os manifestantes a saírem do local das manifestações. 

O dia não tinha nenhum indício de que terminaria com o Grupo Soico sem parte dos seus equipamentos. O que sucedeu é que havia mais de 300 ex-agentes do extinto Serviço Nacional de Segurança Popular (SNASP), que se estavam a manifestar em reivindicação de suposta compensação que devia ter sido paga há 20 anos. 

A manifestação estava a ter lugar defronte das instalações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, na Avenida Kenneth Kaunda, esquina com a Avenida Cahora Bassa, na Cidade de Maputo. Era, na verdade, um trabalho de seguimento. É que, na noite anterior, chovera torrencialmente em Maputo, então interessava saber como aqueles homens e mulheres tinham passado a noite. 

Até foi feito esse trabalho junto dos manifestantes, que se mostram tristes por terem passado a noite debaixo de uma chuva que tinha também granizos. Ora, quando eram 17h55, Hélder Mathwassa, operador de câmara, clica no botão rec para gravar a primeira imagem, a identificar onde estava. Do trabalho que estava a ser feito, foi apurado, por exemplo, que, naquela terça-feira, pela manhã, estivera lá um agente da Polícia com um ultimato. “Ele disse que tínhamos até 16h para sairmos daqui, senão iriam usar força”. O trabalho continuou e foram ouvidas mais personagens, a última das quais foi entrevistada às 18h21. A gravação foi de menos de 03 minutos. E pronto. Estava contada a história do dia.

 Até que, por volta das 18h25, chega um contingente policial. À chegada, os agentes formaram um cordão de segurança e a equipa da STV estava dentro dele, ou seja, protegida… Ou, pelo menos, é assim que se sentia. Vendo o contingente policial, os manifestantes levantaram-se, juntaram os seus pertences, que eram caixas e algumas tigelas de marmitas e foram juntar-se ao muro do edifício do PNUD.
 
Ficaram ajuntados e os agentes ficaram à frente, como se estivessem numa sessão de formatura. Os agentes anunciaram que todos devem abandonar o espaço e seguir para as suas casas. Para facilitar, os agentes disseram que tinham “carros para qualquer destino, vamos acompanhar até às residências. 

Temos aqui o carro da Polícia, também, vamos aproveitar!” Só que os manifestantes não tinham disponibilidade para aproveitar essas facilidades todas; queriam mesmo era ficar ali até terem respostas.

 Daí que, quando eram cerca das 18h35, um dos agentes anunciou novas medidas. “Já que vocês não querem perceber, vamos violentar; entra no carro à força. Vamos carregar, vamos carregar! Colegas, uma corrente aí para não saírem, uma corrente para eles não passarem!” Há um senhor que, visivelmente, se recusa a entrar no autocarro. 

Ainda assim, entrou à força, tal como tinha sido dado o aviso. Foi carregado pelos agentes da Polícia contra a sua vontade. Há quem teve, até, de ser arrastado. O facto é que, com violência ou não, os manifestantes saíram dali, alguns directamente para as suas casas e outros para os autocarros. Quando tudo estava feito, da parte da Polícia, e estavam a ser recolhidos os últimos cartuchos dos manifestantes, Leonel Muchina aproximou-se à reportagem para dizer que estava disponível para explicar a razão de tudo aquilo. A entrevista até começou e Muchina foi a tempo de dizer que a presença da Polícia era para acautelar que não se bloqueasse uma via tão importante como aquela e com alguns dos edifícios que lá estão. 

Muchina ainda disse que estava em risco também a saúde dos próprios manifestantes e a dos transeuntes, que estavam impedidos de circular pelo passeio. É neste momento que os bandidos colocam Hélder Mathwassa no chão, levam a câmara e correm para uma viatura ligeira, de onde saem às pressas. 

“Pisa o carro, pisa o carro!”, ordenou um dos meliantes ao motorista. Pisaram no acelerador e foram… foram embora, mas não a tempo de desligar a câmara, que continuou a gravar por, pelo menos, mais 28 minutos. 

A entrevista com Muchina durou cerca de um minuto e meio. Isto quer dizer que quando o roubo da câmara aconteceu quando eram 19 horas e dois minutos e meio. 

No momento da entrada, ainda é possível ver que, à entrada, havia, no interior da viatura, mais dois jovens. 

O carro em que seguiam os meliantes foi na direcção da Praça da OMM, mas a viagem não durou muito tempo, porque, quatro minutos depois, ou seja, por volta das 19h07, os ladrões registam a sua primeira paragem e levam consigo a câmara. As imagens estão desfocadas, mas o áudio não. 

Tudo é feito às pressas.

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