A garantia é do “Washington Post”, que diz que nos corredores do Congresso e noutros círculos de influência democrata Kamala Harris está respaldada. Falta o mais difícil: o Presidente-candidato Joe Biden sair pelo próprio pé
© Evelyn Hockstein / Reuters |
Kamala Harris é a maior (e a mais consistente) alternativa presidencial democrata caso Joe Biden abdique da disputa contra Trump. A conclusão é do “Washington Post”, que assegura que a vice-Presidente granjeia já fortes apoios no seio do partido.
Os maiores jornais americanos, e que tradicionalmente apoiam editorialmente candidatos democratas — fizeram-no com o próprio Joe Biden na eleição de 2020 —, parecem unir-se numa vontade de “retirar” o atual Presidente da corrida eleitoral. Depois do “The New York Times”, que esta quarta-feira anunciou que o Presidente já pondera sair de cena, agastado pelo debate mal-sucedido da passada semana, já esta noite o “Washignton Post” vem garantir, consultando (sob anonimato) diversos “barões” do Partido Democrata, que a candidata favorita para enfrentar Trump nas eleições de novembro é mesmo a vice-Presidente Kamala Harris.
O jornal diz até que Hakeem Jeffries, líder dos democratas na Câmara dos Representantes, tem contactado vários elementos do partido no sentido de os convencer do benefício de escolher Harris no caso de Biden se afastar da corrida. Outro destacado membro da câmara baixa do Congresso dos EUA, e amigo chegado de Biden, Jim Clyburn, terá mesmo dito que “tudo deveria ser feito para apoiá-la”, referindo-se à vice-Presidente.
Embora tenham sido nos últimos dias apontados diferentes nomes “presidenciáveis" — inclusivamente pelo “Washington Post” —, como o da governadora do Michigan, Gretchen Whitmer, o jornal garante agora que nenhum ousará desafiar Kamala Harris. Até porque, como refere Jamal Simmons, ex-diretor de Comunicação de Harris, estes candidatos (como Gretchen Whitmer) são populares nos seus estados, mas desconhece-se a sua dimensão nacional. “As pessoas querem que o seu Presidente tenha sucesso. E a matemática leva-nos para Kamala Harris”, garantiu Simmons
Por outro lado, assegura o “Washignton Post", citando analistas políticos, e a quatro meses das eleições, escolher outro candidato representa um “campo minado jurídica, política e financeiramente”. E a parte financeira importará até mais do que as restantes: os 250 milhões de dólares por ora nos cofres democratas para financiar esta campanha eleitoral foram “confiados” a Biden e à sua vice, Kamala Harris.
Claro que ainda há dúvidas em relação a Kamala. Desde logo, porque quando concorreu às primárias democratas para as eleições de 2020, a então senadora da Califórnia viu-se cedo forçada a desistir — antes sequer de ir a votos —, condicionada pela ausência de financiamento e de popularidade nas sondagens.
Popularidade no eleitorado que parece ter granjeado agora. Uma sondagem de terça-feira da CNN trazia Donald Trump à frente de Biden (49 contra 43%), a mesma sondagem onde Kamala Harris, mesmo estando também atrás do republicano, estava melhor (47 contra 45%) colocada que o seu Presidente.
E a propósito de popularidade, o “Washington Post” acredita que a primeira mulher negra na vice-presidência dos EUA poderá agregar eleitorado que parecia vir fugindo a Biden: “negros, jovens e mulheres”. “E alguns progressistas dizem que ela poderia reconquistar alguns eleitores que estão desencantados com a forma como Biden lidou com a guerra Israel-Gaza”, acrescenta aquele jornal.
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