"Se precisarem que eu deixe o meu lugar, estou pronto", explicou o presidente ucraniano, numa conferência de imprensa, em Kiev. "Posso trocar [a Presidência] pela [integração na] NATO".
Numa conferência de imprensa realizada em Kiev, na véspera de fazer três desde o iníco da guerra, Zelensky afirmou que trocaria de bom grado a presidência pela adesão da Ucrânia à NATO, se tal oferta fosse feita. Para o presidente ucraniano, é evidente que "não estará no poder durante décadas".
O presidente ucraniano espera ainda que Donald Trump entenda a sua posição e dê garantias de segurança para ajudar Kiev a proteger-se de um novo ataque russo após um possível acordo para encerrar as hostilidades.
"Espero mesmo que Trump entenda a questão", disse Zelensky. "Garantias de segurança de Trump são essenciais".
Zelensky acrescentou que queria ver Trump como um parceiro da Ucrânia, mais do que um simples mediador do conflito com Moscovo.
“Eu quero que seja mais do que apenas mediação, isso não é o suficiente”.
Trump tinha prometido, durante a campanha, acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa há três anos, mas desde uma conversa telefónica com Vladimir Putin, a 12 de fevereiro, retomou a retórica do Kremlin sobre a responsabilidade das autoridades ucranianas no conflito e descreveu o presidente ucraniano como um "ditador sem eleições".
A Rússia há muito que exige que a Ucrânia realize uma votação presidencial como parte de um acordo de paz. Mas a legislação ucraniana proíbe eleições durante a lei marcial, que está em vigor desde que a Rússia lançou sua invasão em fevereiro de 2022.
A agravar as tensões entre Washington e Kiev, o presidente dos Estados Unidos afirmou que a presença do líder ucraniano nas conversações para pôr fim à guerra não era "muito importante". Esta aproximação entre EUA e Rússia levou a maioria das capitais europeias a temer que Moscovo se torne ainda mais poderoso na Europa.
Acordo com EUA
O presidente ucraniano reiterou ainda a disponibilidade para assinar o acordo proposto pelos EUA sobre os recursos naturais, mas sublinhou que não assina nada que ponha em risco o futuro dos ucranianos, e convidou Trump a visitar o país.
"Não assinarei nada que tenha que ser pago por gerações e gerações de ucranianos", afirmou na mesma conferência de imprensa, referindo-se ao acordo proposto pelos Estados Unidos para beneficiar de 50 por cento dos recursos naturais ucranianos como pagamento pela assistência oferecida desde o início da invasão russa.
Zelensky voltou a afirmar o direito da Ucrânia de exigir as próprias condições no acordo, sublinhando que este deve ter em conta os interesses tanto de Washington como de Kiev.
"Só quero um diálogo com o presidente Trump", disse.
Nesse sentido, levantou a hipótese de os recursos naturais que a Ucrânia poderia partilhar com os EUA incluírem os que se encontram em depósitos sob controlo russo.
"Vamos fazer 50-50, incluindo os territórios ocupados", sugeriu, explicando que isso estimularia o interesse dos EUA em ajudar Kiev a recuperar esses territórios.
Zelensky aproveito ainda para convidar o homólogo norte-americano a visitar a Ucrânia e mostrou estar disponível para se deslocar aos EUA e se encontrar com Trump.
A Ucrânia, assegurou, quer que a guerra termine, mas para aceitar um acordo de paz precisa de sólidas garantias de segurança dos seus aliados para evitar novas agressões militares russas no futuro.
A Ucrânia assinala na segunda-feira o terceiro aniversário do início da invasão russa, que desencadeou uma guerra com um balanço de perdas humanas e materiais de dimensão ainda não inteiramente apurada. Desde fevereiro de 2022, Kiev tem contado com ajuda financeira e militar dos aliados ocidentais.
"Temos uma reunião importante amanhã, uma cimeira. Talvez este seja um ponto de viragem".
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, é um dos líderes que confirmaram a sua presença em Kiev na segunda-feira, segundo a agência espanhola EFE.
“Precisamos de parceria, precisamos de ajuda, mas não podemos perder a nossa independência, não podemos perder a nossa dignidade”, disse Zelensky.
Além das garantias de segurança, que Zelensky diz que a Europa e os EUA podem dar a Kiev, o líder ucraniano disse que os líderes europeus vão debater a estratégia “não para os próximos anos, mas para as próximas semanas”.
FONTE: C/agências
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